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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A Inquietação Orçamental

Quando comecei a ler declarações dos responsáveis do PSD sobre o Orçamento, naquele tempo (foi a semana passada antes das 'negociações) em que todos falavam ao molho, onde se vendia a intenção do PS não negociar e querer forçar o chumbo do documento, desconfiei. Achei mesmo que o PSD estava a querer pôr nos jornais aquilo que desejava que fosse e não aquilo que era. Já tive que negociar orçamentos. Sei que não é possível apresentar para discussão uma proposta fechada. E quem propõe está aberto a discutir outras propostas. É assim. Quando não existe maioria absoluta não existe outra forma.
Agora, o caso muda de figura. Conheço o Dr. Eduardo Catroga. Conheço a família. Aliás, conheço-o mais de perto no que respeita à sua vida privada do que a sua vida pública. Faz parte do meu círculo de amigos. E devo dizer que é dos homens mais sérios, descomprometidos, aberto, rigoroso que eu conheço. Esteve na política mas precisa tanto da política como precisamos numa viola num enterro. É um homem de convicções, assertivo. Julgo mesmo que não terá muita paciência para a politiquice de vão de escada e de propaganda. Para além da integridade é um homem amistoso, nada prosélito, capaz da maior abertura de espírito para um diálogo sério.
Quando soube que estava à frente das negociações, acreditei que tudo ia chegar ao fim. Que este pesadelo iria terminar.Até porque tenho boa opinião do actual ministro das finanças.
O resultado é dramático. E não tenho dúvidas que Catroga fez tudo para selar este acordo. Talvez o ministro das finanças quisesse. O PS não quis. Não percebo, mas a verdade é que não quis. Forçar eleições? Forçar uma situação que fragilize o Presidente da República? É tudo vago e supérfluo perante a situação do país. Impôr à bruta? Para quê? Para afirmar quem tem poder? É uma desilusão. Afinal, o PS quer mesmo empurrar isto para o apocalipse. 'Quem vier depois de nós que feche a porta'.
É mau, muito mau e nós não merecemos isto. Nem quem votou no PS nem que não votou. Estamos a chegar ao fim da linha. A seguir vem a fome.Assim, a política não faz sentido.

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