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quinta-feira, 29 de março de 2012

Millôr Fernandes (1923-2012) Era assim...

" A ocasião em que a inteligência do homem mais cresce, sua bondade alcança limites insupeitados e seu carácter uma pureza inimaginável é nas primeiras 24 horas depois da sua morte"

quarta-feira, 28 de março de 2012

Tribunal Nacional da Concorrência em Santarém: feito de pedras e sonhos



De quantas pedras se faz um sonho? De quantos olhares e cansaços? De quantas memórias? De quantos silêncios e canseiras? Hoje lembro-me de ti, António Gedeão. Tu que nos ensinaste que o sonho comanda a vida. Que os sonhos podem trazer no útero, oiro, canela e marfim. E pára raios e locomotivas. E tudo aquilo que uma nau feita de sonhos pode abarcar quando a vontade é maior que todas as tempestades a que ela aproa. Os Tribunais começaram a chegar á antiga Escola Prática de Cavalaria. Vindos do dia em que uma decisão tonta mandou de Santarém partir soldados para Abrantes. Como se fosse uma raivinha de dentes de ressabiados porque, um outro dia, bem mais luminoso por sinal, os mesmos soldadinhos, liderados por capitães, dali saíram para Lisboa para nos entregar a cidadania e a liberdade. Nesse dia do disparate, enquanto as tropas de Cavalaria se despediam de Santarém, sabes, Gedeão, que foi jurado este sonho. Este sonho de fazer renascer as pedras dessa enorma praça da liberdade que ficou tão vazia, tão silenciosa, habitada pela solidão, olhando nostálgica a torre esguia de louvor a S. Bernardo. Eu sei que o sonho comanda a vida.Faço parte do grupo dos crentes. E sei que o mundo pula e avança cada vez que nós sonhamos e, aqui, deu o primeiro grande salto com a requalificação do convento de S. Francisco. Essa jóia que se transformara em lixo. E agora cintila, chamando gente, que sonha, vinda de todas as partes do país e, agora mesmo, Gedeão, neste dia, o sonho ganhou mais pedras e estendeu-se ao colo da ex-EPC, acrescentando vida á vida, entreabrindo novas portas ao novo futuro de justiça e cidadania que ali se revela. Mesmo em frente á parada Chaimite. Á parada militar onde o nosso capitão abriu a fonte da liberdade e deixou as águas escorrerem, libertas, por todas as ruas e praças do nosso país.
Pouco importam, hoje, António, os gemidos ressabiados dos velhos de todos os Restelos, rosnando rancores e venenos. Pouco importa tudo aquilo que não é sonho feito de pedras e com esperança no olhar. Tal como 'esta pedra cinzenta/ em que me sento e descanso' escutando o 'ribeiro manso' que passou por todos os dias andados, feitos de combates, de negociações, de avanços, de recuos, de medos, de coragens, de tudo aquilo que uma pessoa pode viver e não conta porque sabe bem acarinhar memórias ao colo e deixar que o ribeiro se liberte 'em sereno sobressalto'. A ex-EPC torna-se cada vez mais EPC (Escola Prática do Conhecimento) e anda. Anda sempre como aquela nau de sonhos feitos, transformando cada pedra num caminho que se abre ao futuro. Sim, ao futuro, digo bem. Áqueles que por aqui voltarem a passar e perceberem, tal como nos ensinante, Gedeão, que quando queremos, quando sonhamos, quando aceitamos os riscos dos temporais, chegamos sempre sãos, salvos e prontos para outras viagens ao porto em que o 'mundo pula e avança/ como bola colorida/ entre as mãos de uma criança' - a este coração de Santarém que de novo pulsa para a vida.  

segunda-feira, 26 de março de 2012

O Braga á frente? Ao menos também é Sporting

Quem havia de dizer? A oito jornadas do fim o Braga salta, num fim de semana, por cima do Benfica e do Porto?! Com o Sporting a milhas, claro. Torço pelos bracarenses. Se ganharem o campeonato é um tiraço na rotina e, ainda por cima, têm 'Sporting' no nome. É pouco o consolo mas a crise não dá para muito mais.

quarta-feira, 21 de março de 2012

DIA MUNDIAL DA POESIA - Evocação do Génio


Do Poema História do Meu Menino Jesus



A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo  que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o saber por toda a parte
Que não há mistério no Mundo
E que tudo vale a pena

...................

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é

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segunda-feira, 19 de março de 2012

Dia do Pai: A S. José, ao meu pai, ao pai do meu pai...


Hoje Santarem vive o seu feriado municipal. No dia do Pai.E não posso deixar de evocar o meu pai, o pai do meu pai - o meu avô Francisco -, o pai da minha mãe, o meu avô António e neles, todos os pais, que nos ensinaram a Vida e a fazer dela uma caminhada para a paz, para a fraternidade, para a tolerância. Queria saudar os pais de Santarém, que século após século, pedra a pedra, construíram o sentido colectivo da imortalidade; que dia a dia, hora a hora, tiveram e têm os filhos como horizonte eterno.
Hoje é o dia do Pai.Um dia como qualquer outro para partilhar afectos. Um dia especial para os celebrar. E para agradecer. Obrigado, pai. Hoje que estás já velhote e paradoxalmente és mais meu filho do que pai quero dizer-te que aprendi contigo o valor do trabalho, da dedicação a causas, o valor da humildade perante os grandes desafios da vida. E a não ter medo. A saber que a coragem não é um acto mas uma potência que nos habita. E a desafiar o futuro. E, hoje, grande velhote, meu pai eterno, deixo-te este abraço de amor e gratidão porque foi na tua decência que aprendi o valor da decência e amar os outros como se nossos fossem. E a firmeza. De carácter e de determinação. E a olhar o longe e senti-lo tão pequeno que cabe no nosso abraço. Um bom dia do pai para ti. Um bom dia do pai para todos os pais. E para as mães sem as quais os pais não fazem sentido. E para os seus filhos, a síntese maior do amor perfeito.

sábado, 17 de março de 2012

Santarém em Festa - Dia da Cidade


As Horas de Santarem, a Festa e o PS daqui. Ah, e o Populismo!




Não gosto de hospitais. Não têm alma. São cada vez mais fábrica de reparações. Médicos e Enfermeiros manipulando técnicas e máquinas cada vez mais sofisticadas. Mais sábios, é certo. Transmitindo mais confiança a cada doente. Mas os sons metálicos, as luzes,os odores assépticos, o som de invisíveis motores, as falas, tudo contribui para que nos sintamos com vontade de sair dali. De regressar ao colo da nossa cama. Ao conforto da nossa almofada. A única. A almofada do conforto, amiga, irmã, aquela que conhece o nosso cansaço e os nossos sonhos.
Nesta última, e para já definitiva, convivência hospitalar - instituição que ao longo dos últimos cinco meses tem acompanhado os meus dias - tive por companhia o portátil. Passar os olhos por notícias. Sobretudo ansioso. As festas de S. José em Santarém tornaram-se numa poderosa manifestação de massas e tenho um prazer infinito de ter devolvido a auto-estima a uma cidade que perdera o sentido da sua própria celebração graças aos desleixo e á insensibilidade de quem a governou. Hoje vivem por si.São autónomas. Tem mais procura do que oferta que existe. Regressaram com mais esplendor e com a vitalidade do seu povo, orgulhoso, com a alma límpida, hospitaleiro e amigo. O PS cá da terra nunca perdoou esta espontaneidade popular. Décadas de poder absoluto fizeram-no medroso, embora arrogante. Fanfarrão mas desprezando a essência da soberania popular. A sua cultura, a exibição dessa cultura sem rebuços, nem acantonada nos conventículos dos apaniguados por conta do erário público. Cristalizado na sua verdade fechada, medroso dos espaços abertos. Não tenho dúvidas que se um dia tornar ao poder local uma das primeiras medida vai ser sufocá-las até morram outra vez.
Sei que o povo saiu ás ruas ignorando o ruído de quem só faz e vive do ruído. Com alegria. Bem longe dos sorumbáticos e dos ressabiados que não perceberam a História e não percebem a Vida.
A direcção do PS local tornou-se flatulenta políticamente. O seu prazer é o ruído.Vou dar três exemplos. Escrevi neste blogue, e disse-o na Assembleia Municipal, que a ir em frente esta Lei dos Compromissos, que irá sufocar todas as autarquias do país, accionava os mecanismos do saneamento financeiro da Câmara. Está dito, escrito, e mais que sabido. Suportámos viver seis anos com o fardo das dívidas. Não suportamos viver asfixiados. Eis que, de repente, o presidente do PS local (que eu nunca confundo com o PS, pois são géneros diferentes) faz uma conferência de imprensa exigindo rápidamente o saneamento financeiro da autarquia!!! Ora até esta exigência é uma imprudência, disparada sem jeito, numa altura em que a Associação Nacional de Municipios procura rectificar os seus aspectos mais escabrosos e fazer perceber ao governo que cortar e refrear despesa não é a mesma coisa que matar expectativas.
Outro exemplo: dias antes da tão bendita conferência, recebi vários telefonemas perguntado se neste dia da Cidade eu ia fazer o meu último discurso antes de abandonar o cargo. Alguns referiam que era dia 25 de Abril. Perguntei de onde tinha vindo esse disparate. Era um rumor que corria. Diz na cidade, explicavam. Este 'diz-se na cidade' aprendi com o tempo que é a melhor produção local do boato e da intriga. 'Diz-se na cidade' é a herança inquisitorial da caça ás bruxas, do estímulo de ódios e verdades fabricadas. 'Diz-se', logo é verdade absoluta para qualquer pingarelho armado em Varojão Távora, o célebre inquisidor. Percebi nessa conferencia quem 'dizia' esta. Exigia o presidente da dita que eu cumpirsse o meu mandato, o que não é irrazoável, mas exigindo que eu me recandidatasse. Exigia!!! Já não é um direito constitucional, nem um dever cívico. É uma exigência! Do PSD? Não. Do PS local.Aquele que sofreu a mais humilhante derrota de que há memória. Isto é para levar a sério? Claro que não. Escrevi dezenas de artigos a favor da limitação de mandatos. Tenho mesmo a convicção que os ciclos não deveriam ter mais de seis anos e, sabendo de tudo isto, a direcção do PS local exige que me recandidate. Exige!
Eu sei que começou a campanha eleitoral para este pessoal. Não têm mais nada para fazer.Não espanta o chorrilho de disparates.
3º exemplo: A senhora Idália Serrão não merece que eu lhe bata muito. Devo-lhe,quando era uma sobranceira Secretária de Estado, dois dos melhores escritos que alguma vez escrevi. Foram-lhe dedicados, correram mundo, via internet, recebi aplausos dos cantos da Terra por onde circulou. Eram sobre os seus sapatos de verniz e os meus chinelos. Ou, desfazendo a metáfora, sobre a sua soberba política e a forma desprendida como exerço o poder. Agora é putativa candidata á Câmara de Santarém. Faz bem. Desafiar-se, tentar ganhar, pelo menos uma vez, uma das muitas eleições que a promoveram calmanente sem nunca lhe exigir muito e lhe deram faustosa carreira política, merece apreço. Já não merece tanto aplauso, servir-se das minhas crenças religosas para propôr a chicana e o insulto. Mas estás-lhes na massa do sangue. Á falta de ideias, nada melhor do que o ataque pessoal. Continua exactamente como a encontrei Secretária de Estado.  Preocupada com os seus sapatos de verniz.

Santarém celebra-se em Festa!

sexta-feira, 16 de março de 2012

Santarem - O Dia da Cidade



A anestesista disse-me: Pense em coisas bonitas. Vou pô-lo a dormir. Daqui a bocado está de volta e quero que tenha bons sonhos.
Não é a primeira vez que sou sujeito a uma anestesia. A primeira vez teria aí uns nove anos por causa de uma apendicite. Vem-me á memória esse medo de menino e abro os olhos, escancarados, não vá o cirurgião começar a cortar e eu acordado. Esforço-me para pensar nos meus filhos mas o dia não é bom. Faz hoje anos que a minha mãe faleceu. E vão começar as Festas de S.José, que tanto lutámos para as fazer renascer e eu não estou lá. É um orgulho pôr o povo a celebrar-se, orgulhoso e solidário, permitir que agarrem a sua vida nas mãos e se ergam, construindo os seus próprios destinos. Sei que a Cidade despertou, uma obra que jamais se apagará. Que não cede e é indiferente ao ruído das ambições e das frustrações pessoais dos pequenos e pobres poderes. Tem a força do rio e da lezíria e é pensando nela que adormeço sem perceber como. Será isto a morte? Este apagar súbito da consciência, esta ausência de tempo, tão vazio que se nos escapa no último pestanejar de olhos? A anestesia funciona para mim como um mistério. Não é apenas uma prática clínica. É, do ponto de vista ontológico, um acontecimento.Não apenas a ausência do sentir. É a verdadeira nulidade do ser.O absurdo que se encerra no zero existencial. Sem perguntas, sem respostas, sem inquietações nem quietudes. É o nada. O nada absoluto. Até ao despertar.
O primeiro rosto que vejo é de uma enfermeira que me sorri. Apaziguadora. - Correu bem. Quando tiver mais desperto, preciso que autografe um romance seu.
Vejo, mais tarde, que anda a ler a Fúria das Vinhas. Mas naquele momento pergunto-lhe as horas. Passaram-se três sem saber dos meus sentidos, nem de mim. E dou comigo a imaginar as Festas da Cidade. Vâo começar daí a pouco. Sei que a cidade vai despertar. Imagino os gestos, as pessoas, os cavalos. E rezo. Desde criança sempre me habituei a rezar. Assim como se fosse uma fala com Deus. E agradeço. Agradeço ter-me desperto, liberto daquela anestesia que sabe á ucronia da morte, e peço que proteja Santarém, a cidade mágica que ama o futuro. Que S.José nos acompanhe.

Em Manchester foi assim!

terça-feira, 13 de março de 2012

Festas de S. José - Dia de Santarém



Andavam perdidas as Festas de S. José. Há seis anos ressuscitaram, cresceram, transformaram-se no ponto de encontro de milhares e milhares de pessoas que acorrem á Cidade para celebrar S. José e celebrar Santarém.Ganharam vida própria. Há dois anos que se sustentam a si próprias e são expressão da força da cultura, da tradição, da raça ribatejana. Estão aí. Com os seus cavalos e campinos, com o fandango e a música, com os petiscos, os mil petiscos que só Santarém sabe oferecer. Dia do Pai, Dia da Cidade de Santarém. Faltou espaço para tanta procura. A cidade vai encher. As ruas e as praças. E o coração de quem ama a Vida que assim se festeja, contra a Morte e os senhores do fatalismo.É esta cidade luminosa e iluminada que vos abre os braços e vos convida para o abraço fraterno. Para o encontro em vez do desencontro. Para a tolerância em vez do opóbrio. Para a paz em vez do ressabiamento. Venham a Santarém. E tragam um amigo também!

domingo, 11 de março de 2012

As Horas e o Foguetório de um PS populista

O PS de Santarém recorreu ao Anuário, ou melhor, á parte do Anuário que lhe convinha para fazer os seu estardalhaço. Lançou números, exigiu, protestou e, sobretudo, deitou areia para os olhos dos municipes. E deixou contradições profundas que dizem bem do estado de alma, mais ávido de poder do que de compreender ou analisar, que impera por aquelas bandas.
A ideia é esta: atirar com as contas da Câmara de Santarém para cima do actual executivo do PSD, lavar as mãos como Pôncio Pilatos, compôr um ar inocente, o mais cândido possível, tipo meninos da primeira comunhão e dizer: eles são os maus da fita e nós somos os cordeirinhos imolados na ara da má gestão do Moita Flores e do PSD.
É isto. Aproveitar o descontentamento geral com a crise, manipular a história, corrompê-la com o simplismo dos crentes, argumentar banalidades e indignações e, depois, aproveitar a ignorãncia em proveito próprio. Em nome dos valores da democracia e da cidadania.
Comecemos, então, pelo princípio que não é necessáriamente o princípio fundador, mas legitimador desta charla tão medíocre como de mau gosto.
Sábado, 9 de Março de 2002
Diz o então recem-empossado Presidente Rui Barreiro ao Diário de Notícias:
A Câmara de Santarém está tecnicamente falida (...) a capacidade de endividamento do municipio está práticamente esgotada (...) a execução orçamental de 2001, leva-me a dizer que se a câmara fosse uma empresa estava tecnicamente falida (fim de citação)
Deve dizer-se que o Presidente Rui Barreiro recebeu a autarquia de outro ilustre socialista e o mecanismo usado para se defender da 'falência' foi fazer empréstimos.
Nunca mais a dívida da autarquia saiu da boca mais pública que não quer dizer a boca do povo. Em 2005 o PSD ganhava pela primeira vez a eleições, com maioria relativa e, é verdade, levávamos connosco uma proposta para limpar a dívida da autarquia de curto prazo plasmada nas contas através de uma operação de 'leaseback'- a proposta foi apresentada e chumbada por quem? Pelo PS e pela CDU. Chumbada e desde então com uma forçada e esforçada campanha para esquecer esse triste e indigno episódio da vida pública de Santarém.
Desde então, a vida é mais simples que a conversa da treta. Gerimos dívida. Quinze dias depois de tomar posse, o meu gabinete foi penhorado duas vezes, e a história dos mandatos, em termos de tesouraria, foi gerir dívidas ao mesmo tempo que se agudizava a crise, que desapareciam receitas, cortadas pelos PEC's, pelos Orçamentos de Estado, pelos impactos nas receitas próprias que a crise gerou, levando a quebras inimagináveis. E o conflito interno, de todos os dias, foi sempre e,continua a ser o mesmo. Por um lado dívida, por outro  a necessidade de investir com recurso ao QREN.  E aqui, o PS de Santarém (que não confundo com o PS) não manipula a História. Omite-a e quer enfiá-la na gaveta do esquecimento. Com a ajuda da má-lingua pressurosa de maldizer e sem memória. Os vários Centros Escolares, as remodelações do espaço público, a revolução no saneamento, a modificação completa das escolas e dos espaços de recreio para crianças,as requalificações no centro histórico, a criação de novos espaços públicos, de estradas, de edificios públicos, tudo isto é metido na sargeta do PS local.
ÁGUAS DE SANTAREM
Para esta malta nada vale, embora tudo valha para mergulhar Santarém no torpor da vulgaridade. Começo com esta: Nunca esqueceram as bem amadas Águas do Ribatejo. Sempre quiseram ceder as Àguas de Santarém por tuta e meia. E agora, sem pudor, a propósito do Anuário vêm pedir a cabeça da Directora Geral. Do que é que a culpam? De ser responsável pelo falhanço do concurso para a parceria público-privada, quando esse dossier é da autarquia e nada tem a ver com as Águas de Santarém (empresa). Aproveitando o clima de descontentamento com a imensa obra de saneamento, que sabemos que incomoda, que perturba quotidianos, que aflige devido ao tumulto que se verifica nas redes, a propósito dos preços, das rupturas, do verdadeiro inferno em que se tornam estas empreitadas, vêm lançar farpas contra a Directora Geral. Porquê? No Anuário percebe-se porquê. É que as Águas de Santarém são a 9ª melhor empresa do ranking no que respeita a resultados. Uma empresa municipal sólida só poderia provocar esta ira ao PS de Santarém. Ah, mas nem uma palavra para as suas amadas Águas do Ribatejo incluída nas 15 com os piores resultados no que respeita ao endividamento.
ANUÁRIO E O SIMPLISMO
O Anuário analisa os Municípios segundo vários itens. São quinze ao todo. E o que diz o Anuário? Algumas das coisas que o PS local afirmou. Mas diz mais.
Diz que somos o 13º Municipio no conjunto de 35, aquele que maior peso apresenta de transferências para as freguesias;
Diz que não estamos nos 35 municípios com maior peso de receitas provenientes de impostos
Diz que estamos nos 44 munícipios de dimensão média que não recorreram a empréstimos bancários.
Diz que estamos nos 58 municípios que conseguiram amortizar a totalidade dos empréstimos de curto prazo.
Diz que não estamos nos 50 municipios com maior volume de dívida por habitante.
Diz muito mais. Só recorri a estes itens para mostrar que a verdade é um pouco mais complexo do que o populismo vulgar do PS local.
Isto é bom? Não. Não é. Mas volto a 2002 e á entrevista do Presidente Rui Barreiro, apenas para recordar que hoje temos uma capacidade de endividamento de 10 milhões de euros que não podemos usar porque o crédito está fechado. Aumentámos essa capacidade com a compra da Escola Prática de Cavalaria. Coisa que o PS local nunca viu com bons olhos. Democracia, Liberdade, Direitos de Cidadania, Valores da Cidade são coisas que lhes passa ao lado. Nem conseguem reconhecer a importãncia simbólica, política, local e nacional, que vale a EPC. Espetam com ela no endividamento da autarquia sem um olhar que seja, uma cautela que seja, uma prudencia que seja, para perceber que se comprou para cidade um património que, para além de toda carga simbólica, é um activo poderoso que enriquece o património municipal e que parte dele pode ser alienado por valores muito mais altos do que custou o seu todo.
Mesmo assim, a coisa não chegava aos seus desejados cem milhões de euros e, então, vá de manipular. Como é que chegaram lá? Argumentando com as facturas em conferencia. Nem sabem que elas estão incluidas nas contas oficiais da autarquia. Metem mais e mais até chegar, não á verdade, mas à verdade que desejam construir.
Quando é isto o que o PS local sabe fazer, então, muito pobre é esta pretensa élite política que quer tomar os destinos do concelho nas mãos.

domingo, 4 de março de 2012

As Horas e os Dias


2ª feira - A manhã começa com a reunião da Câmara.Decorre em ambiente ameno e electrónicamente complicado. Há três anos desmaterializámos estas reuniões. Na altura fizeram-se contas e representavam um número astronómico de toneladas de papel que todos os anos eram consumidos nestas sessões. A alternativa seria colocar todos os vereadores em rede informática e desvincular os debates do papel e passar a fazê-los via intranet. Foi uma boa aposta. O trabalho tornou-se mais produtivo, a leitura dos documentos mais fácil e acelerou a eficácia. Desde que não acontecem os desnortes informáticos, caprichos e mistérios que tornam os computadores preguiçosos, malcriados porque não respondem ás teclas e lentos, gozões, brincando com a nossa ignorância. Particularmente com o meu analfabetismo estrutural no que respeita aos segredos da informática.E é sempre com um espanto de admiração que vejo o técnico chegar, fazer uma clique num item que jamais eu encontraria e, de repente, tudo ficar a funcionar como um relógio suiço. Na verdade, o computador é uma ferramenta extraordinária, até muito simples, mas cujo nível de amizade está muito relacionada com a idade do utilizador. Venho de um tempo antigo em que a máquina de dactilografar era a rainha soberana de todas as secretárias. Aliás, no meu curso de investigação criminal era disciplina obrigatória ao lado do Código Penal, da Criminologia e da Medicina Legal. Agora é peça de museu. Por vezes, dou comigo a medir o tempo conforme as máquinas. A minha adolescência e juventude foi regida sob os auspícios da máquina de dactilografar mecânica. Quando entrei para a PJ, para além do crachá, da pistola e das algemas, era o utensílio decisivo. Naquele tempo, o único computador, uma coisa enorme que processava vencimentos, habitava um cubículo, tipo santuário, onde se entrava com cartão codificado. Ali residia a grande máquina que por artes extraordinárias realizava o trabalho de não sei quantos funcionários. E democratizou-se o upgrade da máquina de dactilografar uns anos depois. Era eléctrica. Tinha corretor de erros, era mais suave e mais rápida e olhávamos para ela, maravilhados com os avanços da tecnologia. Mal sabíamos que tinha hora marcada para o funeral. Estava para breve a irrupção dos computadores.Cada vez mais pequenos, cada vez menos distantes e frios, em multiplicação rápida como células reprodutoras de coelhos. Perderam a dimensão sacral e rápidamente entraram na vulgaridade. Uma banalidade quando chegaram os portáteis e cada vez mais substitutos da memória humana.Esta verdadeira revolução vinculou-nos á máquina. Ela é arquivo, testemunho, biblioteca, fonoteca, videoteca, uma verdadeira dependência.E tornou-se a nossa circunstãncia essencial. Sobretudo quando chegou o telemóvel com as hiperligações á rede informática.
3ª feira - As reuniões do costume. Uma delas importantíssima com a equipa que está a desenhar o novo PDM. Espera-se que o trabalho esteja pronto no final do ano e, assim, acabar de vez com o pesadelo que é o planeamento do território em Santarém. Existem dois momentos decisivos para o não arranque de um desenvolvimento sustentado do concelho. O primeiro acontece nos inícios da década de 60 do século passado, durante o acelerado processo de industrialização em torno de Lisboa, forças dominantes resistiram á chegada das novas fábricas. Temia-se a migração do proletariado rural, com mão de obra barata, para as novas unidades industriais, depauperando os campos. Esses níveis de resistência abriram as portas para a concentração na peninsula de Setúbal. E a uma perversão: os campos foram mesmo abandonados e a mão de obra assalariada abandonou, em sucessivos magostes, o concelho. A agricultura perdia nesse tempo o protagonismo para o robustecimento índustrial do país.
A segunda oportunidade perdida foi a elaboração do PDM de 1995. Feito á pressa por necessidade de recurso a fundos estruturais.Afinal perderam-se grande parte desses fundos e herdámos outro problema bicudo. Embora tivesse protegido a cidade, desarticulou o concelho, retalhando-o a eito. A burocracia do Estado fez o resto. O verdadeiro cancro do país. A chaga, como lhe chamaria Eça. Fazer passar um PDM, ou uma mera alteração do PDM, leva anos. Uma alteração que pedimos logo em 2005 para refazer os aglomerados populacionais do norte do concelho, retalhados indiscriminadamente por RAN's e REN's foi concluída o ano passado! Dezenas de reuniões, centenas de estudos e pedidos de esclarecimentos. Burocratas impantes de poder indiferentes a argumentos deste tipo: Ó senhor Dr.quando desenharam o PDM a igreja e o largo principal de Viegas já existiam há séculos. Ficaram em REN! E a resposta medíocre, fazendo valer a norma sobre o direito á vida comunitária, redundava num judicioso e inconclusivo: Temos de ver isso.
Vou para Lisboa. Ás 17.30 há reunião do Ministério da Justiça para o último balanço de obra sobre os tribunais. O da concorrência tem de estar em funcionamento em Abril por decisão da troyka. Discutimos acertos finais e já saio atrasado para o aeroporto. Parto no voo da noite para Luanda numa viagem á desfilada. Uma noite no avião, fazer a conferência, dormir e regressar na noite seguinte. Duas noites sem dormir em três dias. Vi pouco mas aquilo que vi, impressionou-me. Uma cidade que desperta, pujante, ruidosa, que se ergue da ruína e lentamente, mas com força, regressa a quotidianos de prosperidade. Saíu de uma guerra terrível há pouco mais de uma década e reconstrói-se, grandiosa e próspera. Parece uma enorme estaleiro. Obras gigantescas, sobretudo aquela que está a modificar a mobilidade da baixa e acesso ao porto e percebi como eram injustas as críticas a Miguel Relvas. Ele teve a percepção de uma das maiores evidências que se metem olhos dentros quando cruzamos as avenidas e ruas: a maior parte das empresas que reconstrói Luanda, são portuguesas. Milhares de operários, seguramente centenas de empresas subsidiárias ás grandes construtoras, também assegurando empregos a milhares, uma escora bem firme para resistir á crise europeia e nacional. Miguel Relvas percebeu aquilo que a retórica política mais apreciada, na ânsia de maldizer, ignorou. Angola é um dos cantos do mundo que melhor ajuda o País exaurido em que labutamos. Tratar bem quem nos ajuda é um acto de política pragmática sem escolhos.
O avião chega pela madrugada a Lisboa. Descobri uma empresa que aconselho. Foi o meu filho que me ensinou. Chama-se Lavacolla e é um achado. Para quem não tem tempo a perder com lavagens de carros, chama-a. Vai buscar o nosso carro ás partidas. Guardam-no. Á chegada vêm entregá-lo nas Chegadas, lavadinho e aspirado, e tudo isto custa metade do preço dos parques públicos de estacionamento. Nem conhecia o meu carro quando o vi. Estava um brinco.Regresso a Santarém. Pelo caminho recebo a confirmação da notícia. Vou ser internado dia 14 e sei que vou falhar as Festas da Cidade.Um dos prazeres grandes destes mandatos. Revificar alma escalabitana, criar condições para a sua reprodução social sem necessidade de impulsos políticos. Desde o ano passado que se autonomizaram. Deixaram de depender da Câmara, pagando-se a si próprias, pelos patrocinadores e feirantes que perceberam a grandiosidade deste encontro com as tradições, com a cultura, com os afectos. São milhares de pessoas que ali acorrem e reconstituem laços psico-afectivos celebrando Santarém. Espero, mesmo assim, ainda ser capaz de estar nas celebrações de dia 19. 
Ao fim da tarde, chega a melhor notícia. Mas ainda é cedo para a divulgar.Mas se consolidar aquilo que fomos informados o problema de finanças da autarquia estará resolvido no primeiro semestre do ano. S. José olhará por nós.  

sábado, 3 de março de 2012

Jorge Jesus 2 - Vitor Pereira 3


Ontem o Benfica-Porto mereciam empatar. Mas o Vitor Pereira deu baile a Jorge Jesus, no que respeitou a substituições e organização do jogo, e a vitória acabou por ser justa, mesmo com um árbitro ceguinho. Dava-nos jeito que tivessem empatado. Paciência. Parabéns aos Dragões!