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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Faltam Cortes na Despesa, Sobram Impostos

Já se suspeitava. A função pública vai pagar as maiores favas da crise e a população em geral vai ter vida mais difícil. Houvesse mais vontade e possívelmente poder-se-ia cortar muito mais despesa e não colocar o país de tanga.Para que servem os Governos Civis? Nada. Zero! Apenas para empregar deserdados dos maiores cargos da política. São milhões de euros que custa dar de comer a tanto militante à espera de um lugarzinho mais decente.Dezenas de serviços, institutos, direcções gerais cujos objectivos se sobrepõem, superlotados de desempregados da política, burocratas cujo umbigo vale mais do que o país, que esvaem milhões e milhões em inutilidades absolutas.Permita-se que se premei o mérito e a competência em vez de aturar e suportar centenas, milhares de 'boys' especialistas na intriga, na coscuvilhice, na mediocridade, que oneram em muitos milhões a administração pública e local.Concordo que não haja reformas simultâneas com remunerações de ordenado. Mas entreguem-nos instrumentos ágeis e rápidos de despedimento para aqueles que fazem da função pública um mero part-time, servindo outros que não o povo que lhes paga. Sobram impostos. Vão pagar os mesmos de sempre. E a fome vem aí. Tal como na crise dos anos 80. Que maldição é esta que persegue este país? Que condenação é esta que faz da pobreza mais pobreza, passem séculos, décadas, anos? É preciso reagir, é certo. Os nossos putos não se alimentam de amargura. O seu futuro vale todas as mágoas que vivemos. Mas porra, pá! Será que isto não tem fim?

terça-feira, 28 de setembro de 2010

UMA VISITA INESPERADA

Hoje recebi uma visita surpreendente à hora de almoço. O Isidro. Quem conhece o meio criminal sabe de quem falo. O seu bando, onde pontificavam figuras como o Zé da Parada, o Dragão, o Ata, o Rio Maior, e muitos outros, puseram nos anos 80 Lisboa a ferro e fogo. Dezenas de assaltos à mão armada, homicídios, raptos. A minha brigada prendeu alguns deles.Várias vezes presos, o Isidro acabaria por ser condenado a 25 de anos de cadeia. Saiu há dois meses. Não o reconheci. A prisão provoca mazelas que nunca mais se apagam. A mãe morreu. Está só. E tem 58 anos. Veio pedir-me emprego como motorista. Estava nervoso, inquieto e recordei-me daquela genica irritada e destemida. Tem 58 anos e está velho. E lixado. A vida lixou-o mesmo. Deixou o número de telemóvel e partiu. Se calhar já é tarde para o Isidro. Muito tarde mesmo. Desejo que o seu futuro não seja igual ao passado. As celas são demasiado frias quando os ossos começam a gemer de dor. E fiquei nostálgico. Saudades dos meus antigos camaradas de trabalho e dos desafios de vida e morte. Também já envelheço. Não sei onde pára o Manuel Pedreiro, nem o Guimarães,nem o meu chefe Lourenço Ferreira. Gostaria de rever o Rendeiro e dei por mim a telefonar ao Camacho.  As memórias que o Isidro me trouxe. Tanto frio, tanto sofrimento, tantos anos depois. Deus te guie, Isidro. Que ao menos te dê um punhado de felicidade nunca conseguida.

SANTAREM E A EDUCAÇÃO

No próximo dia 5 de Outubro, pelas 12.30, vai ser inaugurada a obra de requalificação do antigo Liceu Sá da Bandeira. Estará presente o sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares. É uma requalificação de grande alcance, precipitada pelos acordos Ota-Alcochete, que permite a esta unidade de ensino de Santarém estar entre as melhores apetrechadas no domínio das Ciências. Embora já em funcionamento, também vai ser brevemente inaugurado o Centro Escolar de Alcanede, o primeiro concluído no quadro da Carta Educativa de Santarém. Um obra notável que reforça a importância estratégica do norte do concelho para a comptitividade de Santarém.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Das Conferencias do Casino até hoje

Estamos a viver um tempo ruim. A dimensão da crise económica e financeira desnuda outras crises. Agora mesmo. No centenário da República.Vem ao de cima o que de pior deixámos que proliferasse e mourajasse com o nosso silêncio. Silêncio que foi consentimento. Não quisémos saber. Desinteressámo-nos.Deixámos que os sapos e as cobras saíssem dos seus buracos e permitimos que uma política amoral, militante, apostada na mediocridade tivesse um passo e um reconhecimento imerecido. Voltei às Causas da Decadência dos Povos Peninsulares, de Antero de Quental, que me obrigou a reler durante o fim de semana O Labirinto da Saudade do Eduardo Lourenço. É arrepiante o desleixo com que andámos. É deprimente perceber que sabíamos e não fizémos. Esquecidos da revolução espiritual proposta, ignorando a exigência de saber e de conhecimento, permitindo que o País não se municiasse com as armas que desbravam futuros. Temos milhares de licenciados. Multiplicámos universidades e escolas. Porém, nada disto foi potente para transformar os gestos e os actos de milhões em acções culturalmente elevadas, o único padrão que pode aguentar uma política ou políticas sólidas. As élites partem, a iliteracia domina, impera, fustiga cultivando a ignorância, a mesquinhez, a trica, como ervas daninhas destruindo searas de esperança. É difícil vencer esta pobreza espiritual. Possívelmente a única saída da crise. Um combate duro pela cidadania. Que estamos obrigados a vencer. Pelo país que é a nossa terra e a nossa língua. Antero tinha razão. Há 140 anos. E agora! Aconselho a consulta da sua conferência. Um regresso á poderosa inteligência generosa de um dos nossos maiores filósofos.  

A Passo e a Compasso

A ambiguidade da vida política obriga, por vezes, que fiquemos em silêncio quando à nossa volta estoiram foguetes de disparates e de insensatez. Políticamente devo ficar em silêncio, por ser presidente de câmara, quando o Francisco morde as palavras nas pontas do lábios. Umas vezes indignado, outras vezes com vontade de apenas dizer duas palavras secas. Há muito que matutava na criação de um blogue pessoal. Que apenas me vincule. Que vincule a minha pessoa e nada mais. Nem cargos,nem circunstâncias, nem protocolos, nem a necessidade de ser adequado. É uma vontade velha. Vinda de um tempo em que alguns blogueres não compreenderam as minhas palavras e escreveram barbaridades sobre mim e sobre o que eu dissera à cerca da blogosfera. Tudo desculpado e sem rancores. E aqui estou nesta autoestrada da liberdade total. Disponível para o debate. Mas sobretudo disponível para a decência. Vou começar dentro de dias. Como diria o Chico Buarque, agora é um blogue em construção. O acordo ortográfico chamou-lhe Projétil. Eu chamo-lhe Projéctil. Gosto da ideia que inscreve. Um corpo sólido disparado que cruza o ar, como cruza a vida, e que cairá quando o seu peso for maior do que a força da gravidade. A mesma gravidade que nos coloca à terra e, em dia e hora que desconhecemos, nos colocará debaixo dela.

Moita Flores