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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O Abismo está aí


Começo a perceber sinais de alarme que julgava, há bem pouco tempo, não passar por eles.Mas a verdade é que nnão vale a pena iludir por mais tempo a fé. Sou um homem de fé. Em Deus e nos homens. Na nossa capacidade para transformar o sofrimento em energia, de revolver montanhas perante grandes adversidades. A nossa História tem sido isso. Vencer a cada dia os Velhos do Restelo. Matá-los com a energia de quem sabe que o trabalho, a determinação, a paixão têm o poder de um exército. Sei que seríamos capaz de suportar todos os cintos apertados que o Governo nos está a impôr. Somos o povo que aprendeu a arrancar as ervas do chão e transformá-las em manjares que matam a fome. As couves e as beldroegas, os coentros e os espargos foram armas durante muitas guerras contra a fome e as crises.
Porém, estamos cercados. O exército de especuladores financeiros perdeu o sentido moral, desmascarou-se na luxúria da predação e, agora, perante a nossa perplexidade, a Grécia, a pátria da democracia e do pensamento cultural, está ás portas da morte. Juros de dívida acima dos 100% é o fim de qualquer família, de qualquer comunidade, de qualquer Estado. Os bancos estão em pré-falência e a queda da Grécia é a falência de todos nós.E a Europa, a tal Europa do euro passou a chamar-se Alemanha. Nunca pensei escutar com tanta atenção a chanceler alemã.As suas palavras e acções são hoje mais importantes do que qualquer outro presidente ou primeiro ministro.E não deixo de admitir como ironia histórica que a senhora Merkel está a cobrar a factura pelas derrotas sofridas durantes as guerras que humilharam a Alemanha no séc. XX.Os seus aliados de hoje (inimigos de ontem) estão á sua mercê e do povo alemão. Arruinados já não podemos comprar produtos alemães. Não compramos, não interessamos. Talvez seja um pensamento demasiado redutor. Talvez a tragédia grega que se adivinha iminente ainda possa ter uma solução e não nos arraste para a miséria completa. Mas não existe uma única notícia que nos dê essa esperança.Pelo contrário. Os sinais apontam para o colapso. É certo que não morreremos enquanto Povo e Pátria. Que teremos de recomeçar tudo outra vez. Mais uma vez. Contudo, não consigo afastar esta amargura ao perceber que vamos entregar aos nossos filhos, um sacrifício por herança. Estou preso de uma perplexidade angustiante.Confesso que não sei como vamos sair daqui.

1 comentário:

  1. Vamos ser positivos, nós portugueses somos uma "raça" que nunca baixará os braços, se for preciso voltar a comer as ditas beldroegas voltamos a colhe-las eu ainda este ano fiz uma bela sopa das ditas.
    Sempre ouvi dizer ao povo: "...NÃO HÁ FOME QUE NÃO DÊ EM FARTURA, NEM FARTURA QUE NÃO DÊ EM MISÉRIA...".
    Se este país não tivesse tantos corruptos não estaríamos a pagar a factura, mas quem hoje anda de "barriga cheia" à custa dos mais pobres, amanhã poderá estar pior, Deus não dorme...(também sou uma mulher de Fé)
    Cumprimentos, gostei do texto e peço desculpa se me alonguei:)

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