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sábado, 26 de fevereiro de 2011

Um Cravo de Liberdade para S. Francisco

Reconheço que não estou na actividade política como é muitas vezes necessário estar e como se representa a actividade de um político 'profissional'. Possuo alguns defeitos graves que jamais me poderiam projectar para uma carreira como aquela que sonham e desejam tantas pessoas que conheço. A paixão que invisto nos projectos em que acredito, a necessidade de entregar afecto aos projectos que servem comunidades, e no caso a comunidade de Santarém, retiram-me a capacidade fria que a lógica impõe, o jogo calculado entre o perder e ganhar qualquer desafio. Confesso que é um defeito que a PJ me deu. Quando se acredita que o serviço público que se presta é tão importante para a comunidade que vale o preço da nossa própria vida, não existe cálculismo, nem meio termo, nem, muito menos receio. E durante muitos anos, a equipa onde orgulhosamente trabalhei, desafiou a morte tantas vezes, sobreviveu no limite da vida tantas vezes, que a partir daí trabalhar empenhadamente, até à exaustão, num projecto público é qualquer coisa que vale todos os riscos. Outro dos defeitos é esta costela romântica que me conduz a apaixonar-me pelas pessoas que sirvo. Não consigo olhá-las como eleitores, nem como munícipes. São pessoas. Apenas pessoas que se afligem, que sonham, que vivem muitos problemas, que vivem e, por vezes, sobrevivem com tanta aflição que em vez da reacção políticamente correcta, me comovem e me fazem esconder as lágrimas. Um bom político não se apaixona. Racionaliza até ao limite o problema e procura com a frieza da lei a solução e se não há siolução passa á frente. Este defeito grave devo-o as dois acontecimentos decisivos na minha vida. O 25 de Abril que me apanhou com 21 anos e me garantiu que, como diz Gedeão, o sonho comanda a vida, e ainda hoje acredito piamente nessa lição e outro foi S. Francisco. Porque creio apaixonadamente que a felicidade resulta do cumprimento dos sonhos que comandam a vida, com a consciência de que é um dever 'levar a alegria onde houver tristeza, levar a luz onde existem trevas, levar a esperança onde impera o desespero, interessar-me mais em amar do que ser amado'. É mau, muito mau num tempo em que a política é exclusivamente gestão. Provoca sofrimento, amargura, teimosia, rabujice, muita motivação, calar quando apetecia gritar, mas fazer.
Ontem á noite, dia 25 de Fevereiro, a Assembleia Municipal de Santarém teve a grandeza da política para aprovar por unanimidade o avanço do projecto da Fundação da Liberdade e da cidade judiciária que vai alavancar o futuro de Santarém e a transformá-la num dos centros mais importantes do país. Um acto sublime que termina com o pesadelo de poder ver aquele espaço simbólico transformado num enorme bloco de betão e arranha-céus que a boa política tão bem aprecia. Sei que foi uma decisão maior do que nós, que mereceu todos os riscos vividos e toda a paixão que este combate, que se arrastou por mais de dois anos, mereceu para entregar esperança, riqueza, felicidade aos futuros homens e mulheres de Santarem e do país. Não resisti às lágrimas, coisa de fracos, á comoção humilde perante tão grandioso gesto daquela Assembleia. E hoje, que acordei na ressaca de tão grande emoção, reconheço que a política não é o meu forte, mas que, talvez por isso, estou a viver um dos dias mais felizes da minha vida. O sonho comandou a vida e o meu Irmão Francisco tem razão, porque mais vale 'compreender, do que ser compreendido, Amar, que ser amado, Pois é dando, que se recebe, e é morrendo que se vive para a vida eterna'. E, hoje, recordando o tempo em que tantas vezes tive de enfrentar a morte, agora que o tempo do risco terminou, pouco importa que ela chegue a qualquer hora, espero-a com serenidade dos que, sendo maus políticos, sabem o valor do amor, porque sei que a partir de ontem Santarém 'viverá para a vida eterna'. Viva a minha doce e linda Santarém!

1 comentário:

  1. Caro Amigo:
    Vou como Scalabitano que sou,vou tentar expressar com poucas palavras aquilo que me vai na alma apos ter lido o seu belissimo texto.
    " AO FIM DE TANTOS ANOS, FINALMENTE VEJO ALGUEM QUE NÃO SENDO DE SANTAREM FAZER TANTO EM TÃO POUCO TEMPO PELA NOSSA QUERIDA CIDADE.
    AFINAL «O MÃUZÃO» MOITA FLORES VEIO DO ALENTEJO PARA AMAR A LIBERDADE!
    CONTINUE SR. PRESIDENTE ESTAMOS PARA LHE AGRADECER.
    UM ABRAÇO.
    Humberto Lopes

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