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quinta-feira, 17 de maio de 2012

O que vamos sofrer por causa da Grécia?

Com as últimas eleições gregas, ao caos financeiro, económico e social somou-se o caos político. De tal forma que as eleições não valeram e vai repetir-se o acto eleitoral. As autoridades europeias e mundiais discutem abertamente a saída da Grécia da Zona Euro e todos são unânimes que esta solução vai ter impactos negativos em Portugal, em Espanha, na Itália e nos restantes países europeus. Lá, já começou a corrida aos levantamentos bancários, alguns bancos deixaram de ser financiados e está iminente a possibilidade de não pagarem salários e serviços da administração pública. É o inferno grego e as notícias, associando previsões ameaçadoras para Portugal, provocam ainda mais amargura e ansiedade em todos os sectores sociais já esmagados pelo peso da crise que nos afecta.
Dito isto, não seria inteligente e sensato começar a explicar o que vai acontecer a Portugal, caso a Grécia saia do euro? Com que linhas nos vamos coser? Onde vamos ser mais apertados? Como responder a este sobressalto e reforço da crise? É fundamental esta preparação para os piores cenários. Vamos também para a bancarrota? A DECO sugeria ontem que se fizessem poupanças e investimentos noutras moedas mais estáveis como a libra e a coroa sueca. É este o caminho? Duvido. Mas se calhar é. Não sei. A verdade é que o manancial de notícias sobre a Grécia que nos últimos dias coloca a Europa à beira de um ataque de nervos obriga a respostas e esclarecimentos. É que, de factos, os portugueses conseguem suportar as piores agruras. Mas isso não os coloca na posição de rebanho, servo e ignorante, à mercê dos ditames e decisões mais ou menos ditatoriais de uma troika qualquer. É urgente saber o que nos espera. A arte da política implica a previsão e nas sociedades democráticas á apresentação de explicações antes dos factos consumados. Acho eu.

1 comentário:

  1. Ando a ler a Biografia de Abraham Lincoln de Agostinho da Silva, que a compila no mesmo volume com a de São Francisco de Assis, Émile Zola, Louis Pasteur e Moisés. De todos estes exemplos de grande humanismo, uns mais concretos, e outros, pela cronologia inexorável, mais romanceados, talvez; me fica a ideia translúcida de justiça.
    A Grécia, espartilhada até a uma hipóxia social cujos resultados foram atestados pelos resultados das últimas eleições legislativas, lança-se agora num previsível abismo com consequências que poderão pôr (e porão, seguramente) em causa o próprio regime democrático grego. Está em risco, pela mão da Europa, num país europeu, o alto valor da Democracia; ali, onde ela pela primeira vez foi pensada e ensaiada.
    Hoje, em Portugal, temos o direito de exigir que nos expliquem o que nos afasta deste cenário hipotético, num país com uma tradição totalitária de 50 anos e democrática de 38. Estamos no direito de interrogar quem governa o nosso destino sobre o que nos protege deste caminho de incertezas e sofrimentos certos. Temos o direito de pedir a lógica e moral a quem faz a Política, pois é da Lógica, Retórica e da Moral que se cria o discurso Político.
    Haverá realmente um Sonho Europeu ou apenas o Sonho de Alguns Europeus?...

    João Monteiro Rodrigues

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