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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Morreu Eduardo Camacho

Só era conhecido no seu círculo da amigos.A sua vida foi sempre investigar crimes. Primeiro nos Homicídios, depois no furto e assaltos à mão armada, falsificação de automóveis. Terminou a sua carreira na PJ de Portimão há dois ou três anos. É daqueles heróis desconhecidos que deu a sua vida à causa pública, metendo na cadeia centenas de bandidos, muito deles perigosos, que puseram o país em alvoroço. Vivia e gostava do anonimato.E do Benfica.
Este é o epitáfio que gostaria de ter. Discreto. Com um copo de uísque ao lado.
Porém, é um bocado mais do que isto para mim. Perdi um dos meus maiores amigos e embora não saibamos nunca definir o que é a amizade, o Eduardo era a substância mais densa desse valor. Companheiro de anos de combate, de investigação, de trabalho duro, tantas vezes entre a vida e a morte. Partilhávamos a vida e a morte.Os problemas de cada, da família, dos filhos, das mágoas e de sonhos. Muitas vezes sem tempo para estarmos lá, sempre embrenhados no sítio onde o Diabo amassou o seu pão. Corremos mundo. Vibrámos com paixões e pesadelos. Partilhámos os trocos ao fim da tarde para bebermos a última cerveja. Chorámos juntos muitas vezes, rimos juntos muitas mais vezes. E, hoje, quando sei que a morte chegou sem avisar e o levou sem um estrebucho, não deixo de limpar as lágrimas de saudade e, ao mesmo tempo, rir ao recordar o seu humor cáustico, a sua bondade natural, o seu sentido de solidariedade militante.
Sei que não nos voltaremos a encontrar aqui. Sei que estas palavras, que exorcizam o meu luto, talvez se esfumem sem que ele as oiça. Queria a abraçar os seus filhos. Hoje quando falei com os meus rapazes, ambos se sentiram traídos pela vida. O Camacho era da nossa família mais alargada. Dói em todos esta partida brusca cujas explicações a Morte nunca dá. Fica a saudade de um amigo e irmão. A Polícia Judiciária hoje está mais pobre. Perdeu um homem valente. E eu, sem vontade de mais palavras, deixo-lhe este abraço infinito feito do sangue da amizade perfeita. Adeus, Eduardo. Até um dia! Haveremos de voltar a discutir o Sporting-Benfica das nossas vidas. E das nossas mortes. Descansa em paz, meu amigo. Descansa em paz!

8 comentários:

  1. Caro Moita Flores
    A surpresa é total e provoca um vazio, o vazio que só a morte pode causar. Curvo-me perante a memória do nosso Camacho e a emoção que emerge das tuas palavras. Na impossibilidade de poder estar no funeral, pelos milhares de quilómetros que nesta data nos separam, fica aqui o desafio para que na próxima vez que estejamos juntos, façamos um brinde à volta de uma mesa com outros amigos, que é a melhor forma de homenagearmos o Eduardo Camacho e, tenho a certeza, seria a forma como ele gostaria de ser recordado.
    Um grande abraço

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  2. Discreto, efectivamente a melhor palavra que sempre caracterizou o meu tio. Apesar de assumir uma grande importância nesta sociedade, nunca se vangloriou disso, nem nunca o quis fazer, ao contrário de outros que pouco representam nela. Lembrar-me-ei sempre dele. Daquelas lutas entre rivais, eu defendendo o meu Porto e ele o seu Benfica. Lutas essas que ele respeitava e, acima de tudo, a minha tenra idade naquela altura. Na minha memória ficará, também, o Natal passado em família e o seu sentido de equilíbrio e de moderação sempre que alguma faísca familiar se procurava libertar.
    O meu muito obrigado pelas V/ palavras e um afecto especial à minha tia Bina.
    Luís Saraiva

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  3. Sentidos agradecimentos em meu nome e de minha Irmã Isabel pelas palavras que dirigiu ao nosso Pai, porquanto sei da grande amizade que este lhe tinha.

    Informo que o seu corpo repousará a partir da tarde de quarta-feira, 24/11, na Igreja de Almada, sendo o seu funeral na quinta-feira pelas 10 horas onde partirá para o cemitério do Feijó pelas 10. 30 horas.

    Um abraço Eduardo Ascensão (filho)

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  4. Sem dúvida, a PJ ficou mais pobre. Lá se foi mais um bom colega, um bom amigo!

    Sou testemunha da consternação que a notícia provocou junto dos seus pares, sobretudo daqueles que com ele privaram de perto, ao longo de tantos anos.

    Sinceros pêsames à família

    Um abraço

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  5. "Bom e caro amigo Nelson:
    Com o mesmo "fair-play" com que ouviu os meus comentários no ano passado, aqui estou eu, também, a ouvir, ou melhor, a receber os seus eufóricos e-mails.
    Contudo é bom não esquecer o que aconteceu logo no início do campeonato, isto é, as arbitragens do Benfica-Académica, do Guimarães-Benfica e, também, de sinal contrário, no Naval-Porto, Rio Ave-Porto, Nacional-Porto e Guimarães-Porto (dou de barato o penálti que ficou por marca contra o Porto no final do Porto-Braga). São, de facto, muitos pontos!!!!!!!!!!!
    Ontem, em termos futebolisticos, ganharam bem e com mérito, do Porto e do Jorge Jesus. Ou muito me engano ou aquela amizade entre ele o Pinto da Costa está a dar frutos e que frutos (não confundir com fruta que essa é a especialidade do Porto de Pinto da Costa).
    Vou tentar guardar alguns dos e-mails que me tem enviado para, posteriormente, os poder devolver!!!!!!!!!!
    Cumprimentos para si, Isabel e meninas
    Um abraço do Eduardo Camacho

    Caro Moita Flores,este foi um dos últimos e-mail's que cruzamos, e só eu sei o que sinto dos e-mail's que nunca mais receberei. O Sr. Camacho, é um dos responsáveis de eu ter uma "familia fantástica" e de ser um homem feliz, nunca lhe vou poder agradecer o tesouro que tenho nas mãos, que são o motivo que encontro em cada dia a vontade de viver. Das vezes que nos encontramos nestes precisos 20 anos,guardo a recordação impar por me ter sempre tratado por "Amigo Nelson". Não sei que genro ele teria imaginado ter, mas reconheço que nunca me teria imaginado como genro. Quis ser um anónimo apoiante de algumas causas que posso testemunhar e que provavelmente os que conviveram mais de perto com ele não o sabem. A tentação humana é de quando alguem morre só dizer bem, eu não tenho nada a dizer do meu Sogro a não ser evocar uma gratidão eterna. Espero que a sua alma descanse em paz e a onde quer que esteja, que continue a ter motivos de orgulho dos seus Camaradas de profissão, dos seus Amigos, dos Filhos, dos Netos e já agora do genro.

    Nelson Trindade
    (genro)

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  6. meus sentidos pêsames da família geraldes.

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  7. A vida é realmente uma caixinha de surpresas!
    É pena não trazer unicamente boas surpresas!
    Por mais que nos custe temos de aceitar a sua partida, com imensas saudades das suas visitas e das nossas conversas sobre futebol (sempre cordial e apontando os defeitos do seu Benfica e eu não falando do meu Sporting pois não valia a pena), sobre a vida , e principalmente sobre numismatica (meu hobby) e o amigo Eduardo que possuia uns bonitos exemplares .
    Foi com uma tristeza muito grande que recebi o telefonema a informar que o amigo Eduardo nos tinha deixado e durante umas largas horas não quis acreditar mas a vida é mesmo assim.
    Gostaria de deixar á sua esposa e familia os nossos mais sinceros pêsames destes sempre amigos do Algarve.
    Lar das Molduras (Lagoa)

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  8. Dia triste.
    Neste dia cor de cinza a tua figura na minha memória está ainda viva, transparente. Neste dia a própria cinza deixa de ter cor porque te foste embora. Descansa em paz. Até um dia Cunhado.
    Aninhas...era assim que me chamavas!

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