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domingo, 8 de maio de 2011

Porque Voto em Passos Coelho


Sei que a situação do País e o desenho do nosso futuro está tremido. Que esta incerteza atinge milhares de famílias, milhões de portugueses, provocando angústia, potenciando paixões, alimentando animosidades pessoais, crenças intuitivas que com este não vamos lá, que com nenhum lá chegamos e que, chegámos à situação que vivemos por causa dos políticos, pois 'são todos iguais'. Tal desorientação abre a porta ao insulto fácil, ao preconceito, e também á idolatria, ao apoio ditado pela fé, pelo ser contra ou ser do contra. Como escrevi muitas vezes, a maior crise do país, a mais difícil de superar não passa pelas finanças e pela economia, apesar da terrível situação em que nos encontramos. Não é apenas necessário ser pragmático, como sublinha Paulo Portas. Não é apenas necessário determinação como anuncia José Sócrates e ele, é em si próprio, um exemplo de determinação.
São precisos sacrifícios, é certo. É preciso sair desta crise e confiar no futuro. Mas tal só se consegue com uma verdadeira alteração de paradigmas e de referências míticas. As novas sociedades, competitivas, cada vez mais agressivas, não se compadecem com os bons valores que habitam a saudade.Precisamos de saber acolher os bons valores que habitam o futuro. Neles se integram um novo olhar sobre o mundo que transforma a democracia em meritocracia. Que dignifica o trabalho e não toma a Nuvem por Juno, confundindo trabalhadores com calaceiros. Que abre os partidos políticos à sociedade e procura compromissos que vão para além do acto eleitoral. Que vê no ensino e na saúde bens essenciais mas que não os torna em verdadeiros antros de desperdício, privilégios, preguiça, impreparação e falta de produtividade. Que olha o País no seu todo e não o confunde com a fome jacobina, centralista, burocrata e clientelar que se instalou em Lisboa desde o arranque da reforma liberal de 1820. Que não olha a pobreza como anátema de exclusão mas seguindo políticas seguras de inclusão. Que não se alimenta do ódio, da corrupção, do compadrio, da preguiça dos clientes partidários sempre à espera de poder e incapazes de servir. Que recusa o conformismo rídiculo e falso de que 'eles são todos iguais', para a partir daqui lançar impropérios contra a honra, o carácter e a boa fé de quem se entrega ao serviço público. Que não aceita demissões e assume intervenção pública construtiva. Que procura soluções. Que Vê na qualidade da vida democrática o desafio a vencer. Que utiliza a cultura democrática para respeitar as ideias diferentes e faz esforços para as congregar. Que olha o país no seu todo complexo e variado e não o lê e apreende pelas manchetes dos jornais.
Esta crise obriga-nos a vivê-la e a vencê-la. Assim como venceremos a crise financeira e económica.
Acabei de ouvir o discurso de Passos Coelho sobre o programa que o PSD propõe para o país. E agora mesmo terminei a sua leitura. E sem faltar ao respeito às abordagens que os restantes partidos fazem da situação actual, não posso deixar de admitir que é uma profunda reflexão e um programa para o futuro que alia o pragmatismo de Portas com a determinação de Sócrates e incorpora os sonhos de justiça que são emblemas do PC e do BE (embora as suas narrativas radicais os transformem em pesadelos) marcando de forma decisiva esta eleição. Sobretudo é um programa realista, marcado pela firmeza da acção e com a margem de confiança que obrigatóriamente havemos de assumir para reconquistar uma nova vida bem longe dos problemas que enfrentamos. Por isto mesmo, vou votar no PSD. Não voto contra Sócrates, nem contra Portas, nem contra Jerónimo de Sousa, nem contra o Bloco. Voto, na consciência rigorosa da decisão, porque li o que cada um propõe e são propostas, meras propostas, e não são um projecto de vida. Nem ponho em causa a boa intenção de cada um. Mas não são projecto de futuro. E nós precisamos, o país precisa de um projecto/sonho pelo qual combata, trabalhe e se qualifique.
Não tenho dúvidas que Passos Coelho deu hoje um importante passo para a vitória nas próximas legislativas. Fez um discurso de grande qualidade sem recorrer ao insulto, á indignação da denúncia, ao grito de revolta revoltada que já não tem nada de revolucionário. Que os militantes do PSD saibam compreender a superior dimensão do programa que lhes foi apresentado e se libertem dos seus interesses pessoais. Há muito tempo que o PSD não tinha um projecto assim onde mais vale Portugal do que qualquer outro interesse particular. Que tenha sucesso. Será bom para todos nós, apesar de todas as dificuldades que temos de viver.

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