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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Adeus Vitor, até um dia!


Escrevo seis horas depois de me ter despedido de ti. Estavas rodeado por excelentes médicos que fizeram tudo para te salvar e havia desalento nos seus rostos. Teimaste em partir depois de tantos esforços clínicos e mesmo quando te segurei a mão, procurando puxar-te para a Vida, suplicando o teu nome para que regressasses, a Morte omnipotente e silenciosa, levou-te para o lugar do céu onde habitam os homens bons. Mal sabia, no dia em que te convidei para seres vereador na minha equipa, que este mandato seria tão bruscamente interrompido por uma única hora! Uma hora foi suficiente para que se instalasse a dor do teu peito e para que findasse defintivamente. Uma hora!
Quero sublinhar as tuas qualidades de Vereador, a quem Santarém tanto fica a dever, mas as lágrimas que não chorei desde que partiste varrem-me os sentidos e as memórias. Das noites de tensão e sofrimento para que o convento de S.Francisco fosse pedra renascida na nossa cidade. Dos dias de trabalho intenso preparando o Dia de Portugal e de Camões, sem dormirmos, sem comermos, vivos e inteiros respirando a força da Cidade. Das tuas ideias para inventar dinheiro e incrementar iniciativas que fazia nascer do teu amor por Santarém. Dos concertos de órgão, da Rota das Catedrais, dos Pequenos Cantores de S.Francisco, das homenagens a Santareno, do teu investimento tão apaixonado nas hortas sociais, no apoio aos que mais sofrem, orgulhoso da terra que ajudavas a governar com tanto talento como paixão, da amargura perante o contigentes de pobres, cada vez mais pobres, que esta maldita crise tem trazido até nós. Foram tantos dias e tantas noites e, agora, que tudo acabou, sinto que foram tão poucos dias e tão poucas noites que sinto uma pobreza imensa dentro de mim.
Vai ser duro conviver sem o líder apaixonado que dirigia equipas entusiasmadas. Ainda mais duro porque és um dos raros homens que trabalhava com a cabeça e com o coração. Inteligente. Culto. Solidário! Que eras grande para saberes emocionar-te com as pequenas e grandes coisas que realizávamos, que tu realizavas e comigo partilhavas num entusiasmo deslumbrante, indiferente á mediania do pensar que procurava remeter para a mediocridade a força da invenção deste amor sem limites a um povo inteiro.
Perdi outro amigo. Um grande amigo cuja partida me despedaça o coração. Nem Santarém sabe como perdeu um homem de generosidade sem limite,trabalhador sem horas, defensor militante das causas maiores de um concelho tão nobre.
Bastou uma hora! Numa hora que teve um princípio e terminou no infinito. No infinito da tua Matemática que teimavas em recusar que não se confundia com o infinito da minha Metafísica. Esta discussão iremos continuá-la depois, quando nos encontrarmos no Infinito, para voltar a trocar o abraço fraterno do novo e decisivo reencontro. Por agora, deixo a tua mão. Ficas guardado no centro da memória fraterna, entre outros amigos que já partiram, á espera do Tempo semeado de saudade e de tristeza, mas com Santarém eterna na alma e nos sentidos.
Adeus, Vitor Gaspar! Adeus meu breve e intenso companheiro de jornada. S. Francisco, o nosso S.Francisco bem sabia, 'que é morrendo que se vive para a Vida Eterna' e nela, um dia, havemos de nos encontrar!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Encosta-te a Mim


Terminei!! Há três meses comecei a escrever um filme por causa de uma canção. Encosta-te a Mim do Jorge Palma. A letra leva-nos por vários caminhos. Levou-me pelos caminhos de uma história sobre as relações de um puto com o pai, tocadas pela toxicodependência. Está certinho, bonito e forte. Brevemente será mesmo filme. Regresso á minha Luisa de Gusmão. Daqui por um ano estará nas bancas, se as noites continuarem a ser assim, longas e exaltantes, e a saúde não faltar.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Quando a Política está de cabeça perdida


Somos testemunhas de um tempo único. Os últimos acontecimentos na Grécia e a reacção europeia é bem reveladora da desorientação que se apossou deste sonho europeu que, velozmente, se está a transformar em pesadelo.A Política interesseira, mesquinha, com dimensão paroquial, mesmo que a paróquia seja do tamanho de um país, estrebucha. A Vida, com as suas vitórias e derrotas, é bem mais forte do que os medos da Srª Merkel face ás eleições que brevemente tem de enfrentar (assim como o senhor Sarkozy) e todos os bandos de salteadores que se escondem no eufemismo dos Mercados. Bastou a Grécia declarar que ia referendar o sacrifício para a União Europeia revelasse a desunião. E agora, vinte e quatro horas depois, quando o governo já desistiu do referendo, o susto foi tal que não se sabe quando a confiança regressa. Afinal, que fez o grego? Levantar a hipótese do Povo se pronunciar sobre este assalto dos 'Mercados' (palavra estranha para designar especuladores). Quando o Povo é mártir que raio de razão existirá para que não seja consultado sobre outros caminhos? Porque o outro caminho é o abismo, responde o coro. Talvez seja outro abismo.Mas este, onde nos encontramos, já é tão profundo que não conheço um único vaticinador que garanta o dia em que deixaremos de pensar o futuro com amargura. E já agora com sentido de Liberdade, coisa que entregámos sem luta, servos de um tempo em que a omnipotência dos 'Mercados' destrói a vida de milhões e desfaz as perstivas de futuro de muitos mais milhões. Afinal, para que serve o Povo? E neste caso, o Povo Grego? Talvez se saiba daqui por mais algumas semanas depois deste psicodrama bacoco e ridículo que esta semana varreu a Europa. Até, ajoelhemos e louvemos as virtudes dos 'Mercados'. Ámen